Conhece os perigos de comer apenas com fome emocional

A diferença entre fome emocional, de onde ela vem e como o poder de digestão é o centro da saúde física e do equilíbrio mental e emocional

Por Ariana Bonifácio

Vivemos numa era em que a comida deixou de ser apenas combustível e passou a ser também um anestésico emocional.

Quem nunca se viu a devorar um pacote inteiro de bolachas ou um prato de massa gigante… não por fome física, mas porque estava triste, ansiosa ou aborrecida?


Esta é a fome emocional — e quando ela se torna a nossa principal forma de comer, os impactos vão muito além da balança.

O que é a fome emocional?
A fome emocional nasce de uma necessidade de preencher um vazio interno que não é físico. Surge de repente, quase sempre acompanhada de desejos muito específicos (geralmente ricos em açúcar, gordura ou sal) e não desaparece até comermos exatamente aquilo que imaginámos.

Enquanto a fome física é gradual, flexível e pode ser satisfeita com qualquer alimento nutritivo, a fome emocional é urgente e está ligada a um estado emocional específico — tristeza, solidão, stress, frustração ou até euforia.

De onde vem esta fome?
As raízes são profundas:

  • Infância: quando fomos consoladas com comida em momentos de tristeza.

  • Vida adulta: quando o stress e a rotina acelerada nos afastam de uma alimentação consciente.

  • Corpo: quando o sistema digestivo — e no Ayurveda, o Agni — está debilitado, gerando desequilíbrios físicos e emocionais.

O cérebro associa determinados alimentos a alívio rápido, libertando dopamina e criando um ciclo viciante: emoção → comida → alívio → culpa → mais comida.


O papel do Agni no equilíbrio
No Ayurveda, Agni é o “fogo digestivo”. É a força que transforma não só a comida, mas também as experiências e as emoções. Quando o Agni está forte e equilibrado, digerimos bem, absorvemos os nutrientes e temos clareza mental. Quando está fraco, acumulamos Ama (toxinas físicas e mentais) que pesam no corpo, no humor e até nos pensamentos.

Um Agni saudável ajuda a:

  • Regular o apetite e distinguir fome física de fome emocional

  • Melhorar a energia e o humor

  • Aumentar a clareza mental e a resiliência emocional

Os perigos de viver apenas com fome emocional:

  • Perda da perceção real de fome e saciedade

  • Desequilíbrios hormonais (stress, ansiedade, vício por dopamina)

  • Inflamação crónica

  • Fadiga física, mental e emocional


No Ayurveda, este padrão significa um Agni enfraquecido, ou seja, menos energia vital, imunidade comprometida e maior vulnerabilidade emocional.

Comer apenas movida pela fome emocional é como tentar apagar incêndios com gasolina: pode dar alívio momentâneo, mas alimenta ainda mais o ciclo.


Num outro artigo, iremos falar sobre como fortalecer o Agni e cultivar práticas simples que transformam a tua relação com a comida — para que ela volte a ser fonte de energia e prazer genuíno, e não um escape temporário.

Até lá, observa: quando comes, é o teu corpo ou a tua emoção que está com fome?

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